MEU AGÔ A TODOS E TODAS!!!

SEJAM BEM VINDOS AO NOSSO TERREIRO!!!

ALUPO ESÚ BARA
OGUN YÊ- OGUM
EPAHEI - OYÁ YANSÃ
KAÔ KABESIYLE -XANGÔ
OKÊ BAMO - ODÉ E OTIM
EW-EW OSSÃE
EXÓ OBÁ
ABAU XAPANÃ
YE YEU OXUM
OMIO YEMANJA
EPA-BABA OXALÁ

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mesa de Ibejì

Meu axé a todos e todas!

Uma das maiores felicidades para mim, é poder me realizar enquanto ser humano! Nada de mansões cinematográficas, nada de ambições desproporcionais, nada de desejos incomensuráveis. Na minha trajetória humana, aprendi a conciliar valores que me foram passados pela ancestralidade vivenciada com o jeito de ser de meus familiares e estes valores carrego até hoje por serem autênticos e natus dessa religiosidade. No dia 26 de Setembro, cumprimos a tradição de uma vez por ano, reunirmos as crianças e apresentá-las para tomar axé com os Orixás. Sempre me emociono muito, pois essa incumbência não é nada fácil, quando se mora num lugar de difícil acesso, e quando vemos os valores de humanidade, solidariedade, respeito e tolerância serem banalizados. A melhor coisa que conheci na vida, fora a religião, nela eu sou feliz, e posso fazer outras pessoas felizes, através dos nossos ancestrais divinizados, denominados de Orixás. Assim quando lembro, da mensagem da nossa irmã Clara Nunes, onde delineava o trabalho que viria com seu nome e que tinha que ser num terreiro com crianças; lembro de Zenóbia de Deus e sua Umbanda-Kardecista, de Eloi Ricaldi e seu Centro de Estudos Espiritualistas (em Santa Maria), lembro de Maria Helena Vargas da Silveira e tantos outros amigos que sempre apoiaram tais iniciativas educacionais, sacras e culturais na nossa comunidade de terreiro e de entorno. Desde aquele dia de Agosto, onde era Gerente da Loja Olivia Palito, em frente ao Hospital de Pronto Socorro, meus Orixás queridos, quanta coisa mudou em minha vida! Era um adolescente, e fui chamado a responsabilidade espiritual, quando um bando de meninos de rua invadiu a loja e estavam saqueando tudo! Eles eram crianças e meu grito com eles foi um grito de Pai desesperado. Larguem essas mercadorias! Eles estremeceram, eu também, não dá pra lembrar do que aconteceu, mas o que me lembro bem que eu fechei a loja com a garotada e ali mandei vir um almoço decente, que pedi via telefone para almoçar com eles. Naquele circulo onde comemos no chão, chorei descaradamente com aqueles meninos de rua, pois com tudo que sofri, eu não havia virado um deles, mas sabia muito bem de onde eles vinham o que sofriam, e que só precisavam de amor, carinho e proteção. Eram crianças! E o pior, eram todos negros, e me ouviram, deixaram as mercadorias na loja e me comprometi que dia dos Santos Gêmeos, eu serviria no chão tudo que fosse de bom e doce que as mãe terra e as mãos e mentes humanas pudessem produzir. Com ajuda dos meus filhos de Orixá, amigos e vizinhança, nós esse ano conseguimos dar uma festa maravilhosa para 150 crianças, 24 sentaram na mesa para cumprir a tradição de Xangô Menino - Ibejì, onde realizaram obrigações sacras os filhos Inajara de Xangô de Ibeji, Alexandre de Bará Agelu, Rodrigo de Oxalá, e segurança para crianças Marisol, Alexandre Gabriel (a mae deles colocou o meu nome civil em minha homenagem) e Marília. Agradeço aos Filhos:Alexandre de Bará, Dê do Ogum, Levi da Oyá, Lau de Oya, Vera da Iansã, Inajara de Xangô Ibejí, Iria da Obá, Isaura do Xapanã, Fátima da Oxum, Cleusa da Oxum, Bibi da Oxum, Tiago de Yemanjá, Rodrigo de Oxalá e Fofo de Oxalá. Ninguém constrói nada sozinho meus ricos filhos e a dedicação de cada um no terreiro é fundamental para a manutenção do Asé (axé). Produzimos amor no terreiro, e essa é nossa principal fonte vinda desses Orixás Maravilhosos. Kaô Kabelecile Sangó Aganjù Ibejì - Olá Sì Bó a todos e todas! Axé Clarinha, Modupè!

Música de Lançamento do Blog

Modúpé Lówó Àwa Òrìsà

Desde a sua fundação, em 12 de agosto de 1999, a Associação Clara Nunes trabalha com a Inclusão Social, pesquisando, identificando e se esforçando para tornar visível suas Ações Sociais, Culturais, Educativas e Religiosas na Comunidade da Vila São Miguel, Morro da Polícia, no Bairro Partenon, em Porto Alegre.

O Trabalho realizado é de total dedicação na luta por igualdade, no resgate da identidade negra, da convivência multiétnica, da inserção cultural e valorização das raízes africanas presentes no povo desta comunidade, revelado nas suas múltiplas determinações sociais por justiça e equidade social.

Temos beneficiado crianças, adolescentes e estamos inserindo gradativamente os pais dessas crianças nas atividades que realizamos. Os resultados positivos já começam aparecer. Não dispondo de muitos recursos, dependemos de doações e da sensibilidade de pessoas que passam a conhecer o projeto e são tocadas pelo sentimento de pertencimento, e consequentemente, se comprometem com o programa. Recebemos também suporte técnico-educativo com ações voluntárias de alguns Professores Universitários e Acadêmicos da La-Salle, Ipa, Ulbra, PUCRS entre outros.

Apesar da boa Vontade dos Voluntários, a falta de recursos financeiros para melhorar o prédio, o descaso dos orgão públicos com a insegurança alimentar dessas crianças por nós atendidas, a difícil busca da alimentação para as crianças continuarem no projeto, o difícil acesso para se chegar até a Associação Clara Nunes, e o pré-conceito, quando nos identificamos como uma Associação que resgata a identidade da Matriz Africana e trabalha valores de ancestralidade e cosmovisão afro dentro de um Terreiro Religioso de Nação Jeje-Ijexá, deparamos com muitas portas fechadas, narizes torcidos, e ares de desconfiança.

E é por causa dessa batalha que hoje, aos doze dias do mês de agosto do ano de dois mil e nove, nós da Associação Clara Nunes gostaríamos de agradecer a todos e todas que estiveram conosco nesses 1o ANOS de luta que completamos HOJE!

Bàbá Xandéko tí Sàngó
Sacerdote e Diretor Geral da Associação